Olá, querido leitor!
Ano passado, li
o maravilhoso “Jane Eyre”, da escritora inglesa Charlotte Brontë. A obra me
despertou várias emoções. Mas no ápice da história tive que registrar minhas impressões
num texto que li somente para um amiga com quem compartilhei a leitura. Ela gostou
muito do que escrevi, então eu decidi publicar aqui para conversar um pouco com
vocês.
Entretanto,
preciso avisar que meu texto traz um grande “spoiler”, ou seja, revela fatos desconhecidos
de quem ainda não leu o livro. Se você pretende ler esse clássico, sugiro que
só continue a leitura do meu texto, caso não se importe em saber antes o que
vai acontecer no enredo. Se você não é muito fã de “spoiler”, deixe para ler
este comentário da obra em outro momento.
Aguardo
ansiosamente a opinião de vocês!
O dilema de
Jane Eyre
Jane Eyre vive um dilema.
Na hora exata do seu casamento, descobre que seu noivo, sr.
Rochester, já era casado. Foi uma surpresa para o leitor, foi também para a
personagem. Ele, porém, justificou sua história mostrando a todos quem era sua
mulher: uma senhora com problemas mentais, a quem mantinha escondida e encarcerada dentro
de casa, devido à sua força e violência.
É compreensível o argumento do sr. Rochester. Ele é casado perante
a lei, mas não é casado na vida. Seu relato ainda nos conta as circunstâncias
em que se deram o casamento. Pelo que ele diz, foi enganado pelo pai, que
queria um união de conveniência, sabia da condição mental da noiva, mas não poupou
o filho. Ele se sente vítima do destino. E foi, de fato, no meu ponto de vista.
No entanto, o sr. Rochester pagou o destino com a mesma moeda: enganou sua
noiva Jane Eyre.
Jane não sabia da esposa louca de Rochester, foi surpreendida na
hora do casamento. Ela não teve como ponderar, não pôde avaliar a situação do
noivo para decidir se queria ou não uma união ilegítima perante a lei, legítima
perante o amor.
Contudo não há amor sem liberdade. Jane foi ferida muitas vezes
nessa situação. Mas a negação do seu direito de escolha foi a principal violência
que sofreu.
Chego a dizer (ainda não terminei de ler o livro) que Jane amou
Rochester na sua ignorância da verdade. Sem saber a real condição do noivo,
crendo que ele era um homem livre para amá-la integralmente, ela o amou e lhe entregou
seu coração e seu destino. Rochester amou a si mesmo.
Ao decidir ir embora, abandonando o sonho de casamento, Jane
preserva seus princípios morais, sua sanidade, sua crença e seu amor-próprio. É
um sacrifício doloroso, em que, muitas vezes, ela questiona a própria decisão.
Fosse o século XXI, quando o divórcio é socialmente aceito, na
maioria dos grupos sociais, talvez esse dilema tivesse outro final. Mas, em
hipótese alguma, um relacionamento saudável pode ser construído em cima de uma
mentira.
Esta é a grande força da personagem: seguir sua consciência. Sua
decisão gera no leitor um desconforto com a frustração inicial de não realizar um
sonho prestes a acontecer. Entretanto, também dá uma sensação de bem-estar,
pois nada melhor do que uma decisão de consciência livre.
-------------------------------------------------------
E vc, o que achou da obra Jane Eyre? Deixe aqui nos comentários.
Se quiser saber mais dos conteúdos Escrivaninha, me siga nas redes sociais @escrivaninhaortiz
https://www.instagram.com/escrivaninhaortiz/?hl=pt-br
4 comentários:
Perfeita a sua análise! Jane Eyre fada sensata! ❤️
Que personagem inspiradora, né? Ela me inspira!!!
Eu achei a obra Jane Eyre instigante e comovente e adorei sua análise deste momento em particular em que Jane se depara com mais um momento tão difícil em sua vida!!
Alessandra, que bom que gostou da minha análise! Obrigada pela leitura e pelo comentário! Eu também acho a obra comovente!
Postar um comentário