segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Meu luto

Meu pai morreu na madrugada do dia 21 de abril de 2016. Desde aquele dia, sonho com ele todas as noites. Penso nele todos os dias. Mas não choro.
Acho estranho não chorar tanto quanto imaginei que choraria quando esse dia chegasse. Mas aprendi que há tantas maneiras de expressar sentimentos que o pranto não precisa ser a única.
Devem ser os sonhos os substitutos das minhas lágrimas. Eu agradeço a Deus por isso. Quero continuar sonhando com ele. É quando vejo o rosto dele, sinto seu abraço, lembro dos seus gestos, escuto sua voz.
No último sonho ele estava coberto de terra. Disse que ia voltar para o túmulo. Entrou num buraco no meio de uma estrada. Eu acordei.
Ainda estranho demais a ausência do meu pai. Chego a esquecer que ele não está mais aqui. Quando fui ao Rio durante as Olimpíadas, comprei um copo de cerveja e pensei: "Vou levar para o meu pai, ele vai gostar" .Imediatamente depois lembrei que não era mais possível.
E agora?
Essa pergunta aparece em letras garrafais logo depois da notícia. E agora?
Esse agora tem se estendido até hoje. Ainda não sabemos o que fazer. Vamos tocando a vida, seguindo em frente. A saudade só aumenta. Tenho vontade de falar dele em muitos momentos. Talvez seja uma maneira de não esquecê-lo. É que surgem uns sentimentos estranhos, sabe? Parece que eu corro o risco de me esquecer dele. Eu não gostaria de me esquecer do meu pai nunca.
Eu queria que ele soubesse disso. Eu queria que ele soubesse que me lembro dele nas comemorações, no dia a dia, de manhã e à noite, quando acordo e quando vou dormir. Tenho fé, um dia vou abraçá-lo de novo. Até lá, vou caminhando.
Como é difícil pensar na vida! Escrever me ajuda. Por isso decidi abrir uma coluna sobre o meu luto aqui no blog. Não vou divulgar. Se alguém ler e quiser comentar, vou achar legal. Senão, tudo bem. É incrível como escrever me ajuda.
Estou chorando agora...